RESILIÊNCIA – Espiritismo e Espírita
Felipe Estabile Moraes Vanessa Martins Ferreira
A palavra “Resiliência” é de nossa predileção, por três fatores.
Segundo, por seu significado. Oriundo da Física, define uma das propriedades específicas da matéria: a capacidade dos materiais em retornar ao seu estado original após a aplicação de uma determinada força.
Terceiro, por experimentar e estender esse caráter à própria vida. Como professores que somos, insistimos e persistimos na crença de que a Educação pode modificar a realidade das pessoas.
O Prof. José Pacheco, no livro “Pequeno Dicionário das Utopias da Educação” faz uma importante afirmação, quando trata do verbete “Resiliência”: “Quem acredita ser fácil manter a união de uma equipa, ou resistir à maldade que se abate sobre quem ousa fazer diferente, ilude-se. Os projectos são fruto da resiliência.”
Pensando na nossa profissão, entendemos que o professor precisa estar disposto a mudar, a se adaptar e a aprimorar técnicas de ensino para propiciar o aprendizado a cada aluno. Se pensarmos nas instituições espíritas, vamos também entender que precisamos ter a mesma disposição para o ensino e a aprendizagem da Doutrina Espírita. Como pais, também vamos buscar estratégias diferentes de ensino para nossos filhos, adaptando à condição evolutiva de cada um deles.
É interessante o uso do termo “ensino” em se tratando de Espiritismo. Allan Kardec, no capítulo “Do Método”, na primeira parte de O Livros dos Médiuns, nos orienta: “Não se espantem os adeptos com esta palavra — ensino. Não constitui ensino unicamente o que é dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples conversação. Ensina todo aquele que procure persuadir a outro, seja pelo processo das explicações, seja pelo das experiências. “
Observamos que a afirmativa do Codificador se aplica às instâncias que citamos anteriormente: na profissão de educador, na instituição espírita e na família.
E em todas essas instâncias da nossa vivência, muitas vezes somos visitados pelo desânimo, pelas dificuldades e quase nos sentimos abatidos. Daí vem a “Resiliência” que, entendida no sentido espiritual da nossa vivência, nos torna ainda mais fortes para enfrentarmos os desafios da oportunidade reencarnatória. E a partir das nossas experiências vamos mudando naquilo que precisamos mudar, fortalecendo aquilo que já alcançamos e nossos projetos vão frutificando.
Neste momento em que o planeta Terra tem experimentado intensas mudanças, precisamos refletir diariamente sobre a nossa prática (como profissionais, como pais, como espíritas) e sobre o lugar que as novas gerações ocupam e ocuparão no mundo, sempre numa perspectiva de educação cidadã e moral.
Sim, aqui precisamos refletir sobre as orientações de Allan Kardec no comentário à questão 685 de O Livro dos Espíritos:
“Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.”
Nem sempre será fácil ou simples. Para isso, dedicação, cuidado e “Resiliência” para seguir em frente, sendo usados como combustíveis para a nossa atuação em nossa sociedade.
Seguindo sempre para frente e para o alto!